Uma timidez que reluz, uma sofreguidão, Uma filha-da-putisse,consigo mesma e, sei lá mas o quê... Aquela aparição, tão rápida, daquela forma? Deveria ter avisado. Que ousadia sucumbiu-lhe para chegar assim ??? Repentinamente! Empalideci. Passou diante de min feito um tiro, um relâmpago Um desastre da natureza, como tantos já vistos. E eu Inerte... Numa inércia que maltrata, quem tanto espera E no entanto passou! Num relâmpago de memória, posso velo passar diante min, Por mil vezes e mil vezes mais... E eu Inerte... Quase louca, dura, suando frio e escolhendo as melhores palavras... Veio. Com um andar certeiro, passo ante passo, seu terno de risca de giz, Cuja perfeição e assentamento naquele corpo esguio, Fazia inveja a todos, óculos redondamente reluzentes, Palidez e olhar meigo compunham Sua característica principal. Repentinamente. Sinto um movimento descompassado, brusco até, Que me envolve, deixando uma atmosfera de êxtase no ar. Parou. Me fitou com a velocidade de um trovão, Estraçalhando todo lugar que toca, Com olhar sereno questionou-me _Por favor, que horas são? Olhei para o relógio. Momento este que como o cortar duma adaga Distancia o tempo real do imaginário. E o tempo parou, e perdurará pela minha existência. Desta vez, com um fio minúsculo de voz, meio que trêmula, respondi: _20:00 horas. Ele agradeceu. E eu Inerte... Dei um sorriso suave... Ele compactuou e se foi. Sentei-me abobalhada por uns segundos... Agora, tinha certeza de duas grandezas físicas A Eternidade e a Inércia. Valdete Pereira |
Este espaço revela a diversidade humana... Sonhos, segredos,magia e alma,contos,prosas, fotos e poesia! Muitas vezes esconde, para se fazer revelar... Valdete Pereira
3/30/2006
INERTE
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