12/16/2010

QUATRO


Eram quatro...
Quatro destinos
Um quarto,
Quatro solidões.

Um pia,
Um fogão, duas bocas.
Duas bi-cama,
Uma janela,
e um varalzinho de cordão.

Somente palavras banais, raras,
Nenhum alento,
Pairam pensamentos,
Nada de solidão!

Enquanto eu dormia,
com a barba por fazer...
Você, chegava da rua e,
com apenas um ovo para cozer...

E ele, sempre a pendurar roupa no varal, semi-sujas,
Enquanto nosso pai, mirava pela janela e,
Coçava sua barba rala, sem nada ver..

E frenética, a rua inundava o quarto...

Eram quatro os destinos,
Eram quatro esperanças,
Uma única desilusão ...
E nós não tínhamos nada a dizer!

_Quer um pedaço de chiclete?
Não! Me dá dor de estomago.

Valdete Pereira


CIGANA

Uma dose, após outra, e outra,


Após a terceira, ela se revelou...


Mulher atraente, de voz rouca,


Teceu em minha mente,


Uma sensualidade, a qual...


Não pude controlar.


Palavras surgiram de minha boca


Sorrisos, uma sensualidade louca,


Que nunca vi igual...


Seus contornos generosos,


Suas palavras doces, suaves,


Agressivas, mundanas...


Me torturavam...


Estremecia de prazer,


Quando imaginava,


Que me mirava,


Seus olhos me perseguem,


Dissimuladores tentam...


Levar-me para a alcova,


Para uma dose a mais...


Delírio desenfreado,


Que me levam a um longo,


Gozo antecipado...


Posso sentir ao mais leve toque,


Que uma noite longa,


Está por se fazer


A brotar o amor,


Pelas entranhas da vida


O amor e o prazer,


O prazer do amor.