3/31/2006

A Arcada









Certa vez, entrei numa fila enorme

Todo mundo contando novidades

Criança pra cá, criança pra lá

Um vai-vem desenfreado

“É o dia do Dentista”

Bochecho preventivo

Ensino de escovação

Haja coração!

Mas que problemas tinha eu?

Tinha de ter algum, todo mundo tem o seu!

Tratei de empurrar a mandíbula

Pra cá e pra lá, até dar conta de

Uma deformidade...

Chegou á minha hora!

Tão esperada ”vez”.

Daí o dentista me olhou

Me pediu um sorriso.....

Aí eu dei...

Aquele...Torto,

Ensaiado ás duras penas...

Senti um leve problema!?

Uma certa interrogação no rosto do dentista...

Ele olhou...., olhou....., pensou.......e disse:

_ Que tal endireitar a Arcada???

Com os meus botões eu pensei....

Preciso ensaiar mais da próxima vez!



Valdete Pereira

Um comentário:

Anônimo disse...

Legal, gostei, um texto inusitado e divertido. A escrita tratada como um fluxo e não como um código como sugere o pensador frances Gilles Deleuze, que só conseguiu tratá-la em nome próprio, tardiamente após ter lido Nietzsche. O gosto de dizer coisas simples em nome próprio é um ato de amor, que exige um severo exercício de despersonalização, porque antes tem de se abrir às multiplicidades que nos atravessam, nas palavras dele:

[...] o gosto para cada um de dizer coisas simples em nome próprio, de falar por afetos, intensidades experiências, experimentações. Dizer algo em nome próprio é muito curioso, pois não é em absoluto quando nos tomamos por um eu, por uma pessoa ou um sujeito que falamos em nosso nome. Ao contrário, um indivíduo adquire um verdadeiro nome próprio ao cabo do mais severo exercício de despersonalização, quando se abre às multiplicidades que o atravessam de ponta a ponta, às intensidades que o percorrem. O nome como apreensão instantânea de tal multiplicidade intensiva é o oposto da despersonalização operada pela história da filosofia, uma despersonalização de amor e não de submissão (Deleuze, 1992: 15).